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Contos: Machado de Assis - “ Um apólogo” e “Ideias do canário”

  • Sala de Leitura
  • 22 de jul. de 2020
  • 7 min de leitura

Olá, Pessoal!

A sugestão de leitura para essa semana são dois contos do Machado de Assis.

“ Um apólogo” e “Ideias do canário”

Vale a pena ler os contos e depois assistir aos vídeos da TV Escola!


Deixe o seu comentário.


O conto “Um apólogo” escrito por Machado de Assis (grande escritor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, que além de contista foi cronista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta) narra uma discussão entre uma linha e uma agulha. A discussão entre a linha e a agulha nada mais é do que uma disputa de vaidades. Uma tentando mostrar sua superioridade perante a outra.

Neste conto o autor está ironizando costumes humanos por meio de personagens inanimados (linha e agulha). Através da história destas personagens, Machado de Assis critica a sociedade com seus ciúmes e invejas.

O autor cria dois perfis de seres humanos neste conto: os que trabalham firme e que verdadeiramente “botam a mão na massa”, e os que não se sacrificam tanto mas recebem a fama pelo trabalho feito.

Este é um conto muito bem escrito, que serve para mostrar as falhas do caráter humano. Através da história da linha e da agulha podemos refletir sobre nossas próprias ações. Uma pergunta que focou no fim do conto é: “Sou linha ou agulha?” ou seja, “Será que estou fazendo o trabalho duro ou só me favorecendo pelo trabalho alheio?” São esses questionamentos que fazem esse conto ser tão atual, apesar de ter sido escrito no século XIX.


O conto “Um apólogo” escrito por Machado de Assis (grande escritor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, que além de contista foi cronista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta) narra uma discussão entre uma linha e uma agulha. A discussão entre a linha e a agulha nada mais é do que uma disputa de vaidades. Uma tentando mostrar sua superioridade perante a outra.

Neste conto o autor está ironizando costumes humanos por meio de personagens inanimados (linha e agulha). Através da história destas personagens, Machado de Assis critica a sociedade com seus ciúmes e invejas.

O autor cria dois perfis de seres humanos neste conto: os que trabalham firme e que verdadeiramente “botam a mão na massa”, e os que não se sacrificam tanto mas recebem a fama pelo trabalho feito.

Este é um conto muito bem escrito, que serve para mostrar as falhas do caráter humano. Através da história da linha e da agulha podemos refletir sobre nossas próprias ações. Uma pergunta que focou no fim do conto é: “Sou linha ou agulha?” ou seja, “Será que estou fazendo o trabalho duro ou só me favorecendo pelo trabalho alheio?” São esses questionamentos que fazem esse conto ser tão atual, apesar de ter sido escrito no século XIX.



Machado de Assis – Conto “Ideias de Canário”

Ideias de canário” é, sem dúvidas, mais um encantador conto de Machado de Assis. Para a época em que foi publicado, ano de 1889 no livro Páginas Recolhidas, ele apresenta uma temática atual, sendo um conto que se encaixa perfeitamente em nosso cotidiano.

A sutileza da crítica de Assis aos cientistas e ao mundo fechado em que vivemos é admirável, sem dúvidas é um conto para refletir. Outro fato é que a história é um tanto curta, apesar de carregada de significado, deixando o leitor, ao terminar a leitura, com um quê de “quero mais”.

Trata-se da história de um canário e de um ornitologista. O ornitologista pergunta várias vezes ao pássaro “o que é o mundo?” e recebe diferentes respostas, de acordo com as experiências do canário.


Vale a pena acompanhar essa curta e divertida leitura.


Idéias de canário


Um dos contos que mais aprecio do bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis, se chama “idéias de canário”. Creio que já o li uma centena de vezes, e quase fica difícil me arrepender do fato de ter surrupiado o livro de uma biblioteca, há muitos anos, quando eu ainda não sabia como algumas pessoas ficam realmente chateadas – dentre as quais eu hoje me incluo - ao não encontrarem uma determinada obra na estante. O lado bom – se é que tem algum - desse ato criminoso que, espero eu, ninguém repetirá, é que eu nunca mais o encontrei em lugar algum, então fico feliz por ter me provido de algo realmente valioso. Questões judiciais a parte, vamos ao que interessa. O enredo é o seguinte: um homem “dado a estudos de ornitologia” entra acidentalmente numa loja de belchior- esse termo arcaico não designa o cantor cearense, mas uma loja de objetos velhos e usados – e se depara ao fundo dela com uma gaiola em que estava preso um canário, saltitando de poleiro em poleiro, “como se quisesse dizer que no meio daquele cemitério brincava um raio de sol”. E o mais impressionante: a pequena ave falava, tecia comentários profundos sobre a sua condição de prisioneiro e sobre o sujeito que o interpelava. O homem lhe pergunta: o que pensas tu deste mundo?, ao que o canário responde prontamente: “o mundo é uma loja de belchior, com uma pequena gaiola de taquara, quadrilonga, pendente de um prego; o canário é o senhor da gaiola que habita e da loja que o cerca. Fora daí, tudo é ilusão e mentira.” Abismado com o fenômeno, o narrador resolve comprá-lo e instalá-lo em sua residência, num viveiro bem mais amplo, cercado de regalias, de alimentação constante e de conforto. Outra vez a mesma pergunta. Outra vez o canário retruca: “o mundo é um jardim assaz largo com repuxo no meio, flores e arbustos, alguma grama, ar claro e um pouco de azul por cima; o canário, dono do mundo, habita uma gaiola vasta, branca e circular, donde mira o resto. Tudo o mais é ilusão e mentira.” Passam-se os dias e, devido ao descuido de um dos criados que lhe colocava o alimento, o pássaro foge. Muito tempo depois ele reaparece, para a felicidade de seu dono, que lhe pergunta por onde andara, se lembrava daquele belo mundo que era a sua gaiola com repuxo. O pássaro parece responder meio perplexo: “que mundo? o mundo é um espaço infinito e azul, com o sol por cima.” Além disso, ele já nem mais lembrava que existiam lojas de belchior, onde pássaros são vendidos junto com gaiolas velhas e empoeiradas... Este texto suscita em mim uma série de reflexões, algumas mais ou menos temperadas com pitadas de existencialismo, ou com um gosto de pedagogia freireana, ou ainda com algum viés cognitivista. Outras vezes me detenho somente a admirar a concisão e o estilo de nosso maior escritor. São tantas e variadas coisas que vêm a minha cabeça que corro até o risco de me confundir, de escrever um texto prolixo, confuso, uma “salada” de temas, insights e pensamentos. Hoje, por um motivo que me é desconhecido, este texto me remete diretamente à relação de ensino e aprendizagem, aos processos de produção e mediação do conhecimento em geral, no limite, a todas as práticas em que os seres humanos se engajam para aprender ou para ensinar coisas, do jardim de infância à Universidade, na rua, em casa ou num laboratório de astronomia. Explico-me. Gosto de pensar no canário como uma boa alegoria para a consciência humana. Inelutavelmente tributária de nossas experiências do mundo que nos circunda, ela pode ir da pobreza de uma loja de belchior à imensidão do céu azul. Necessariamente limitada pode, todavia, alçar vôos para além de qualquer imaginação, quebrando as gaiolas de nossas fronteiras psíquicas, estruturais, econômicas e culturais, chegando mesmo a duvidar se algum dia elas existiram. Pode passar a vida inteira presa a um ponto de vista, a dogmas pré-estabelecidos, a preconceitos consolidados, a visões de mundo toscas, binárias e maniqueístas, ou pode se abrir à polivocidade do mundo, se engajar em rizomas inauditos, associações delirantes, criativas, flexíveis e inovadoras. Pode se fechar numa espiral autofágica e louca, devorando a tudo e a todos, ou brilhar como um astro de primeira grandeza, iluminando os confins escuros do universo ao nosso redor ou, mais incrivelmente ainda, dos universos dentro de nós mesmos. Ora, os melhores professores que já tive – e infelizmente eu os posso contar nos dedos de uma das mãos -  foram justamente as pessoas que influenciaram decisivamente sobre as gaiolas em que vivo, em que todos nós vivemos. Indivíduos realmente raros, eles pouco mais fizeram do que me mostrar os primeiros raios de um novo nascer do sol e me ajudar na preparação para voar até lá sem que para isso eu precisasse queimar meus olhos ou ter as asas derretidas. Um deles só me disse uma palavra certa na hora certa. Outro deles só me olhou e me abraçou com seus olhos compreensivos. Outros me trataram como um colaborador, como um parceiro importante nas suas próprias jornadas de conhecimento do mundo. Todos eles estavam lá, me perguntando o que era o mundo e se interessando pelas minhas respostas. Todos eles voam comigo, de alguma forma, hoje. Eu, de minha parte, desejo ser um docente deste tipo, quando tiver a oportunidade de sê-lo. Sei que vou cometer erros, empurrar alguém para voar cedo ou tarde demais, mas o que eu quero mesmo é que as pessoas que estiverem junto a mim nessa empreitada de lançar um pouco mais de inteligibilidade sobre este mundo terrível e belo possam deixar seus pensamentos voarem livres por aí. Que eles possam dar cambalhotas e um dia, se possível, que eles não esqueçam das gaiolas de onde saíram um dia para não mais voltar, porque assim lembrarão sempre de que nossa existência é fugaz e bela demais para que queiramos deixar algum de nós eternamente encarcerados nelas. E quem sabe até ser o primeiro a ajudar a abri-las para deixar ver o mundo lá fora, esse belo e infinito azul com o sol por cima.




O projeto de edição das obras de Machado de Assis em formato digital foi pensado, primeiramente, como parte das atividades que marcam o centenário da morte do autor, além de responder à necessidade de ampliar o acesso a sua obra, aos estudantes dos diferentes níveis e ao público leitor em geral.



1 Comment


luizflaviano44
Apr 17, 2023

Espetacular adaptação!

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