Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles
- Sala de Leitura
- 15 de out. de 2020
- 2 min de leitura
RESUMO
Na Idade Média, romance era o nome que se atribuía a uma obra poética de caráter narrativo. Uma reunião de romances formava um romanceiro. O Romanceiro da Inconfidência narra a história da Conjuração Mineira, movimento revoltoso de 1789 promovido por colonos brasileiros que pretendiam tornar a região de Vila Rica (Minas Gerais) independente do domínio português. O sucesso poderia levar à utilização da riqueza produzida pelo ouro na própria região, acabando com a sangria monetária promovida pelos interesses metropolitanos.
Em uma “Fala inicial”, o narrador, assumindo a primeira pessoa, manifesta a sensação imperativa de tornar pública a revolta que toma conta da colônia, o que funciona como justificativa para a própria obra. A partir daí, a história narrada é dividida em “Cenários”, obedecendo à ordem cronológica dos acontecimentos.
Assim, o primeiro Cenário enquadra o desenrolar da febre do ouro na região: a busca enlouquecida pelo metal, a crescente intervenção das autoridades, a consequente luta dos colonos contra o poder instituído (como a Revolução de 1720, liderada por Felipe dos Santos), a prática do contrabando e, por fim, a presença ativa dos escravos na mineração. A atuação dos negros acabou por gerar a lenda do Chico-Rei, lendário negro que, enriquecido, dedicava-se a comprar a liberdade de outros, e a de Chica da Silva, a sedutora namorada de um rico minerador. Essa primeira parte da narrativa se encerra com o nascimento de Tiradentes (1746).
O segundo Cenário é a cidade de Vila Rica. Esta parte retrata a vida local: a bucólica e pacífica poesia dos árcades convive com o crescimento do espírito de rebelião, que envolve um número cada vez maior de colonos. Surge o herói Tiradentes, o “animoso alferes”, e, ao mesmo tempo, aquele que viria a ser o traidor, Joaquim Silvério dos Reis. Espalha-se o terror, com a prisão dos envolvidos.
Uma “Fala aos pusilânimes” serve como página de acusação aos traidores de todos os tempos e trata da consequência das prisões: a morte suspeita do inconfidente e poeta Claudio Manuel da Costa, os padecimentos de Tomás Antônio Gonzaga, autor dos versos de Marília de Dirceu e o abandono a que é relegado Tiradentes, que acaba por assumir a culpa solitariamente.
O Cenário seguinte mostra os desdobramentos da Inconfidência para seus participantes, destacando a relação de Gonzaga com Maria Joaquina, a Marília de seus poemas: ele se casa no exílio africano, enquanto ela sofre em terras brasileiras.
O último Cenário relata as atitudes das autoridades portuguesas responsáveis pela punição dos revoltosos. Narra-se aqui ainda a morte de Marília. A obra termina com uma homenagem aos rebeldes (“Fala aos inconfidentes mortos”).
Link para a obra completa:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=156218
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